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8 FATOS SOBRE O ABORTO

Independente do que você acredita, ou do que você defende, separei 8 fatos sobre o aborto voluntário.

Olá meninas e meninos, sejam bem vindos a mais um Desconstruindo. Hoje o assunto é atual e ao mesmo tempo um tanto quanto antiquado: aborto. Apesar de ser uma prática antiga, o aborto é até hoje um assunto discutido, um verdadeiro divisor de opiniões.

Existem dois tipos de aborto, o espontâneo e o voluntário. O aborto espontâneo sempre existiu em todas espécies de animais e pode acontecer por vários motivos, às vezes causando infertilidade à mulher e às vezes não. O aborto induzido está presente desde a antiguidade, sem saber com precisão onde e como se iniciou.

Sim, estou fazendo esse post em referência aos acontecimentos sobre a menina de 10 anos que foi estuprada pelo seu tio durante 4 anos, engravidou e foi negada a abortar pela equipe médica do Programa de Atendimento às vítimas de Violência Sexual em Vitória, Espirito Santo. (Deve ser um belo programa, não é mesmo?). Depois de conceder seu direito em um hospital em Pernambuco, pessoas extremistas fizeram de tudo para que ela não abortasse, inclusive expuseram seus dados nas redes sociais para que ela fosse perseguida. A história toda é absurda, mas não vou falar exclusivamente dela. Estou falando de muitas de nós mulheres que passam por uma gravidez indesejada e precisam interrompê-la, por qual que seja o motivo.

Não vou expor explicitamente minha opinião sobre o assunto. Minha ideia é apresentar os fatos e ao final do post, você vai saber se você é contra o aborto, contra a legalização do aborto, ou a favor da escolha da mulher. Porque sim, são três opiniões diferentes e você vai entender muito bem cada uma.

Venho então com 8 fatos sobre o aborto, que podem te ensinar muito e te #desconstruir hoje.

1 - Ser a favor da legalização do aborto voluntário não significa ser a favor dele

Quando estamos falando de legalização, falamos de leis. Isso significa que ao legalizar, você não está incentivando mulheres a abortarem, você está apenas tornando o aborto legal. Nos EUA eles têm um termo melhor chamado "Pro Choice", significa que a pessoa é a favor da mulher ter a escolha de interromper a gravidez, não que ela é a favor da prática em si. Ou seja, eu posso ser contra o aborto mas ser a favor da legalização dele, porque a vida não é minha, a gravidez não é minha, as consequências dessa gravidez indesejada não serão minhas.

Ao tornar o aborto legal, você tira o aborto clandestino e consegue providenciar um procedimento seguro com menos riscos de complicações. Então lembre-se, ser contra a ilegalização do aborto não tem nada a ver com suas crenças ou opiniões, é uma questão 100% política.

2 - O aborto vai acontecer, sendo legal ou não

Mulheres vão abortar de qualquer maneira. A diferença é que ao ser ilegal, ela é obrigada a pagar um valor altíssimo para ter acesso a uma clínica de aborto segura. Então o que ela faz? Opta por clínicas clandestinas baratas que não garantem segurança, isso quando elas não batem em suas barrigas na região do útero para matar o feto. Isso gera graves consequências para a mãe. Inclusive recomendo a leitura de uma matéria no G1 sobre os procedimentos que o SUS teve que fazer para solucionar casos de abortos malsucedidos, graças à ilegalização do mesmo. Para ler a matéria, clique aqui.

Nos países em que o aborto é permitido, sua ocorrência é de 34 a cada 1000 gestações. Nos países em que o aborto não é permitido, sua ocorrência é de 37 a cada 1000 gestações.

O aborto acontece de qualquer maneira. Quando a mulher não se sente pronta para ser mãe, quando ela não estava preparada para aquilo, ela vai abortar. Independente das leis do governo.

3 - Não engravida "quem quer"

No Brasil são registrados em média 180 casos de estupros por dia e 7% resultam em gravidez. Muitas vezes a mulher estuprada já usa métodos contraceptivos, mas este número também é relativamente baixo por conta da idade das vítimas e de seus sistemas reprodutores. Dos 180 casos diários, 57% das vítimas são meninas com menos de 13, reduzindo - porém não eliminando - a probabilidade de gravidez. Lembrando que estes números são de casos registrados, nem sempre a vítima se pronuncia a respeito - principalmente meninas na puberdade e crianças.

Portanto, quando uma menina é estuprada, ela não engravidou porque quis. Quando o anticoncepcional falha, ela não engravidou porque quis. Quando a camisinha estoura, ela não engravidou porque quis. Gravidez foge sim do nosso controle. Inclusive, 50% dos casos de aborto voluntário são de métodos contraceptivos falhos. Muitas mulheres não podem fazer uso de anticoncepcionais ou qualquer método contraceptivo hormonal, dependendo somente da camisinha.

Sem contar que vivemos em uma cultura e política que não defende o ensino sobre sexualidade nos colégios e na pré-adolescência. Se os jovens aprendessem mais sobre métodos contraceptivos e consenso na hora da relação sexual, talvez teríamos um número reduzido de abortos e gravidez indesejada - sem contar uma redução no número de adolescentes que deixam de estudar para cuidar de seus filhos, portanto prejudicando a economia do país.

Inclusive, você sabia que 67% das mulheres que abortam têm pelo menos um filho? Elas assumem a responsabilidade de um filho quando se sentem preparadas. Mas nem sempre estamos preparadas.

Não somos obrigadas a ter que cuidar de uma vida porque o anticoncepcional falhou, muito menos de uma vida que é fruto de um estupro. Se a mulher quisesse engravidar, ela não abortaria.

4 - Não dá pra simplesmente "colocar uma criança para adoção"

Quando as pessoas se dizem "pró-vida" elas pensam em qualidade de vida? Na vida que essa criança vai ter quando nascer? Não podemos pensar que toda criança de uma gravidez indesejada tem que ser colocada para adoção. Quantas crianças você conhece que foram adotadas? Um dia aproveite para visitar um orfanato e ver que nunca deve ser considerado "estoque de criança" de gravidez indesejada. São vidas, objetivos, sentimentos que não têm uma estrutura familiar.

Não digo que é para sair abortando em todos casos de gravidez indesejada. Mas acho que também não da para usarmos a adoção como escudo, pois não é tão simples assim - nem para a mãe e nem para a criança. A adoção é um processo complicado e vale lembrar que nos casos de estupro a vítima será lembrada da agressão todos os dias ao olhar para seu ventre e ver o fruto de um estupro. Eu repito muito a questão do estupro porque depois de ver o que aconteceu com a vítima de estupro de 10 anos nessas últimas semanas, dá para perceber que para muitos o estupro não é motivo de aborto.

5 - O aborto seguro pode salvar a vida da mulher, o aborto inseguro (ilegal) pode acabar com ela.

Quando as pessoas dizem "pró-vida" elas lembram da vida da mãe do embrião? Isso serve para tantos aspectos. No caso da menina de 10 anos, por ela ser muito pequena ela poderia morrer durante a gestação, até mesmo no parto. Abortar significaria salvar a vida dela. Como eu disse acima, o aborto vai acontecer de qualquer maneira. Porém, o tornando ilegal coloca a vida da mulher em risco.

6 - Homens não deveriam opinar sobre direitos femininos


Homens não tem útero, não engravidam. Embora homens são a outra metade para criar uma vida, querendo ou não a responsabilidade física durante a gravidez é da mãe. Não é a toa que quando o neném nasce, o pai tira uma licença paternidade de 20 dias, enquanto a mãe tira de 180 dias. É a mãe que alimenta a criança, a mãe é a fonte de primária de sobrevivência do neném durante um bom tempo depois do nascimento, além de ser a pessoa que carrega o feto durante 9 meses.

Em uma situação na qual um casal tem que tomar essa decisão sim, o pai tem voz e direito de se expressar, afinal envolve o filho/filha dele. Mas quando o assunto é decidir se mulheres devem ou não ter o direito de abortar, eles não estão mais falando da vida deles e das crenças deles, mas sim do corpo de uma mulher, um corpo que eles não conseguiriam ter empatia pois não está na fisionomia deles. Assim como homens nunca vão entender uma cólica menstrual, eles nunca vão entender o aborto. Podem simpatizar, podem ser contra, mas eles não podem ser porta-voz dos direitos das mulheres. O lugar de fala é da mulher.

No fim, cabe a mulher decidir se quer ou não passar por uma gravidez e ser mãe. O pai não pode forçá-la a passar por isso se ela não se sentir preparada. Ele pode tentar convence-la, explicar seu lado, mas a decisão final é da mulher. É ela que vai sentir enjoos na gravidez, é ela que vai ter todos seus hormônios alterados, é ela que vai carregar um neném em seu útero durante nove meses, é ela que vai amamentar o recém nascido, é ela que vai passar por uma dor indescriptível no parto, é ela que vai ter seu corpo mudado para sempre. Isso não é uma lista de coisas ruins de uma gravidez, é apenas uma lista de acontecimentos comuns durante o período gestacional que homens nunca vão viver para entender.

Então por que temos homens tomando essas decisões referentes ao direito de aborto da mulher? Neste caso não é um casal decidindo, mas sim homens tomando posse e linha de frente na política sobre um direito inteiramente feminino.

7 - Mulheres não gostam de abortar

Não sei da onde pensam que a mulher quer abortar. Ela não quer. Depois do procedimento, dizem que a mulher pode entrar em depressão, se sentir vazia, se sentir menos mãe, até mesmo menos mulher. Ela sabe que pode sofrer consequências permanentes por abortar e também sabe muito bem o que está fazendo.

Mas mesmo assim, ela toma sua decisão. Ao sair da clínica ela não sente vitória, mas sim um vazio. Existe um alívio pois ela não queria ser mãe naquele momento. Mas também existe o medo, a decepção, as crenças... tudo isso mexe muito com a mulher. A pessoas têm que parar de pensar que ao legalizar o aborto ele vai se tornar um hobby, porque não vai. Ele vai apenas dar o direito de escolha e o procedimento com segurança.

Ainda vai ser uma decisão difícil, ainda vai ser um sofrimento na vida de uma mulher. Mas pelo menos ela não vai ter que correr risco de vida.

8 - Abortar legalmente não sairia caro para o governo e a economia do país

Existem aqueles que discutem que se recusam pagar impostos para o SUS praticar o aborto. Mas na verdade se gasta muito mais tratando complicações feitas por abortos inseguros do que para realizar o aborto em si.

No mundo, gasta-se US$60 bilhões para tratar a infertilidade causada por abortos inseguros. US$930 milhões para cobrir os gastos da mortalidade causada por abortos inseguros. De 2008 à 2017 o SUS já gastou R$500 milhões em tratamentos para complicações causadas por abortos inseguros, e de acordo com o site "semprefamilia.com" (um site que se posiciona contra o aborto voluntário) o governo gastaria essa mesma quantidade para realizar abortos legais. Então você pode ver que não é uma questão financeira, mas sim ideológica.

Eu sei que o post de hoje foi longo, mas eu sinto que o aborto é um assunto científico e social que está perdido no meio de crenças e achismos. Precisamos levantar os fatos, abrir as comparações para de fato decidirmos o nosso posicionamento neste assunto. Agora que terminei o post, vou expor minha opinião.

Eu não sei se abortaria agora, aos meus 24 anos. Acredito que eu só saberia minha decisão se de fato engravidasse. Mas eu também acredito que cabe a mulher decidir se ela quer ou não seguir com a gravidez. O governo não nos paga para criar filhos, não somos obrigadas a procriar e alimentar a vida humana no planeta se não nos sentimos apta para este trabalho que é ser mãe.

Mas acho que independente destas opiniões, muita gravidez indesejada seria evitada se o governo investisse mais em educação sexual para a população. É ironia dizer que a mulher engravida porque quer quando não ensinam direito para a sociedade - tanto homens quanto mulheres - sobre consenso e método contraceptivo.

Se o governo quer diminuir o aborto, tem que ter campanha de conscientização e educação para a população, acima de tudo. Não vai resolver todos os casos porque sempre teremos aborto, mas ajudaria a reduzir em grande parte sim. O primeiro passo para ir contra o aborto é educar, instruir, ajudar os jovens que estão começando a ter relações sexuais.

Muitas mulheres não sabem que foram estupradas pelos próprios maridos, namorados, ou até mesmo amigos. Elas não vão denunciar, correr atrás de seus direitos, se nem elas sabem o que aconteceu.

Então, querida leitora ou querido leitor, quando você for pensar no seu posicionamento a respeito do aborto, pense em todas circunstâncias e tudo que você faz para defender seu ponto de vista.

Por hoje é isso! Espero que tenham gostado do post de hoje, fiz com muito carinho e muita pesquisa para vocês. Para mais posts deste tipo, tenho uma categoria exclusiva chamada desconstruindo. Lá abordo outros temas relacionados aos direitos da mulher e minorias. Mas se você também gosta de beleza e moda, vários posts daqui do blog são dicas e resenhas do universo feminino. Espero que tenham gostado desta postagem! Para não perderem nenhuma novidade, assinem a newsletter no final da página e até a próxima!

 

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